Então nós fomos conhecer o Rio de Janeiro. Eu com 22 anos e ela com nem um. Claro que para garantir a memória eu tirei mil fotos e gravei vídeos (o difícil é que agora não sei onde armazenar, qual vai ser a tecnologia da época quando ela for adolescente?), mas bem, a memória emocional acho que fica (fica?).
Inclusive, vale frisar que a menina é viajada. Tá aqui nesse mundão há 10 meses e já conheceu São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Temos também Porto Alegre nos planos. E não pensem que eu era de viajar tanto assim, sempre gostei, mas era mais de sonhar do que de executar. E aí foi a menina chegar que inexplicavelmente me bateu esse sopro de vida, essa vontade de ir para tudo quanto é canto. Mas acho que isso é assunto para outro post.
O fato é que Ritinha pisou na areia e viu o mar pela primeira vez e taí uma coisa que merece ser registrada. Rita chegou na praia e foi direto fazer o que mais gosta: Comer alguma coisa não comestível, cheia de bactérias e preferencialmente bem perigosa. No caso, areia.
O gostinho áspero na boca não deu certo não. A textura também não agradou os pézinhos e os braços viraram quase que instantaneamente pedindo meu colo. Eu dei. Ficou ali então sentada nas minhas pernas, olhando para os lados e tentando entender o que eram aqueles grãozinhos que tinham grudado nas mãos.
Não demorou muito eu resolvi arriscar. Vamos para o mar. Me disseram que geralmente dava medo, que as crianças demoravam, não iam de primeira, grudavam na gente e queriam só olhar de longe, bem de longe mesmo. Mas, bem, estávamos na praia eu tinha que levá-la para tirar suas próprias conclusões. E aí? Aí foi amor a primeira vista.
Aí foi neném sorrindo de uma orelha a outra. Já começou a se balançar no meu colo, doidinha para chegar mais perto daquilo. Era a onda quebrar e ela gritava. Coloquei no chão e fiquei ali segurando as mãozinhas. Pronto. Era gargalhada que não acabava mais. E queria ir, queria andar, correr para dentro do mar.
Quando a onda era mais alta eu a levantava. A reação foi a óbvia para quando se junta duas paixões, saltos e ondas resultaram em risos infinitos. Quanta endorfina deve ter sido liberada naqueles minutos que ficamos por ali.
Virei para ir embora e aí parece que a opinião sobre a tal areia havia mudado. Se jogou na areia molhada. Queria tocar, pegar, sentir e, obviamente, comer. Sentei com ela ali um pouco, para deixar se despedir do mar. E fomos (e voltamos no outro dia).
Não teve susto, não teve medo, não teve nada do que eu deveria esperar. Teve felicidade. Teve uma paixão louca. Algo que parecia ser um sentimento único que aos dez meses de idade deu vontade se jogar no mar, nas ondas, na vida, no Rio de Janeiro.