Retorno

Primeira sessão :)

Primeira sessão :)

Quando me tornei mãe, expandi. Acho engraçado quando dizem que depois de ser mãe a gente muda, porque embora eu sinta agora coisas que não sentia antes, pense coisas que não pensava antes e aja de forma que não agia antes, eu não me sinto mudada. Porque nada do que eu era foi transformado, nada passou a ser o contrário do que era, apenas nasceram coisas novas. Eu aumentei de tamanho. Foi como se de repente eu entrasse em contato com outras partes de mim que até então estavam ali, latentes. Amor latente. Um amor que sempre esteve ali e assim que pariu entrou em funcionamento.

De repente eu me redescobri. Eu, que vivo nesse mundo meio plástico meio metal, passei a me sentir mais orgânica do que nunca. Como se eu pudesse me sentir conectada a terra, ao universo de uma forma que nunca estive antes… finalmente me sentindo parte dele. Quando me tornei mãe retornei ao meu sentido mais primário. Um sentido sexual, instintivo, infantil, sensitivo que a gente não consegue descrever direito.

E fui tomada de uma arrogância sem fim. Uma arrogância de quem se sente água, leite e alimento. Prepotência de quem se vê pronta para ser loba na selva e criar garras a primeira ameaça. Confiança de quem se sente criança, descobrindo o mundo pequenininho, mas se sentindo um gigante.

Quando me tornei mãe minha carne, meu sangue e meus músculos ganharam novos significados. Minha força se pôs a minha frente, se apresentando para mim. Minha fraqueza me forneceu seu aconchego, minhas lágrimas me garantiram que nada disso era errado.

Quando me tornei mãe me senti simultaneamente criadora e criatura. Olhei minha cria e senti o mundo em minhas mãos. Olhei no espelho e me reconheci.